quarta-feira, 20 de maio de 2009

DE LETRA

DE LETRA Nº 246 (QUARTA-FEIRA, 20-05-09)
MIGUEL SANTIAGO
OLÁ, caros leitores semanais! Como em toda quarta-feira, o dia é de amenidades, ficando para as colunas de segunda e sexta o meu querido e glorioso América (domingo tem estréia no Campeonato Brasileiro da Série C, em Beagá) e a nossa quase filarmônica do Gutierrez (sexta e sábado tem mais “show”).
NOS bons tempos de advocacia (décadas de 60, 70 e 80), tive a alegria e o privilégio de ser colega de escritório do saudoso amigo Alberto Barroca, que comandava tudo com uma incrível inteligência e uma alta dose de cultura. Além de advogado (um dos melhores que conheci), foi professor e Juiz de Direito no Espírito Santo, embora mineiro de Resplendor. De repente, resolveu ser, também, escritor. E que escritor chegou a ser...
SEMPRE pedia, humildemente, minha opinião. Logo eu? Quem era eu? Um modesto jornalista e advogado. Chegamos a trocar de idéia a respeito do título de seu primeiro livro. Sugeri “Até as porteiras atiram”, mas acabou prevalecendo sua opinião. Nascia ali “O homem das águas marinhas”. E um dos maiores escritores das Minas Gerais. Depois, “nasceram”, entre outros, os livros (todos ótimos, por sinal)) “Bráulio, o comunista” e “Por uma piscina ao lado”. O caminho estava aberto para a Academia de Letras de Belo Horizonte...
E VEIO sua obra prima, em junho de 1981, “O apito final, estórias de craques e cartolas”. O lançamento foi no Mineirão. Claro que, como sempre, fui convidado. Mas, por preguiça, não compareci, preferindo tomar o velho “guaraná” com os amigos. No dia seguinte, no seu escritório, entregou-me o livro, com um puxão de orelha na dedicatória: “Miguel, você, meu filho espiritual, meu irmão de sonhos, era o único que não poderia faltar. Imperdoável”. Quase deu-me o cartão vermelho! Fiquei “amarelo”! Que vergonha senti. Afinal, o livro foi dedicado a mim e ao saudoso treinador Telê Santana, seu companheiro de tênis e de carteado. Interessante: eu, Barroca e Telê, três grandes americanos...
TÃO amigos, que Telê o levou, como seu convidado, para a Copa do Mundo do México, em 1986. Pena aquele “timaço” não ter voltado com o título, que ficou com a Argentina, com direito até a gol de mão do Maradona. Além de todas as suas múltiplas ocupações, Barroca ainda achou tempo para praticar o velho ludopédio. Quando estudante de Direito, no início da década de 50, jogou no Sete de Setembro (era atacante pela esquerda), clube, na época, proprietário do hoje nosso belo e confortável Independência. E, na década de 70, já advogado e após ter sido magistrado no Espírito Santo, participava de nossas “peladas” dominicais do Clube Recreativo Forense. Reclamava de tudo. Os “sopradores de apito” sofriam com ele. Mas, o seu “apito final” foi dado na década seguinte, deixando tristes e desolados seus amigos, colegas, sua mulher Jurema e os filhos Joyce, Marco Túlio e Tasso. Quanta saudade!
ATÉ a próxima.

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