sábado, 31 de março de 2007

TARDE QUENTE DE DOMINGO, QUE PAVOR!


Foi um domingo para ser esquecido! O Roberval Rocha, para variar, não viu nada. Também pudera: estava ausente, curtindo o tradicional “0800” no sítio de uma das filhas. O mano Domingos Afonso tem razão, quando diz que “tudo de errado na turma só acontece na minha ausência”. Ele estava retornando de sua Conceição do Mato Dentro, da merecida festa do Cadinho Faria, o “mago do vilão”, que recebeu, sábado, o título de Cidadão Honorário da histórica cidade.
Pois bem! No meio da tarde, por volta das 15 horas, o bar dos amigos Dalmi e Chiquinho ainda estava vazio. A barulhenta turma dos cruzeirenses estava por chegar. Na calçada, o atleticano Kaique Cortes “massacrava” o cruzeirense e professor de Matemática Vladimir (jogo de gamão), em uma mesa. Na mesa do lado, estavam os desolados americanos Zé Migué, o mano Zé Marcos e o amigo Jésus Lima, naturalmente, lamentando o vexame histórico do nosso glorioso América, praticamente na Segundona mineira.
No interior do bar, estavam os amigos Zé Carlos (CEF), o simpático e unido casal Roberto e Dirce, o João da Banca, o Dalmi e o Chiquinho. E, de repente, nada mais do que de repente, chegou uma “visita indesejada”, bem pior do que “lube-lube”. Dois jovens. Enquanto um ficou estrategicamente do lado de fora, o outro entrou no recinto e pediu um copo de água ao Chiquinho, que sequer tomou todo.
Rapidamente, sacou de uma arma. Alguém disse (depois, bem entendido) que se tratava de uma garrucha velha que sequer deveria ter bala. Mas, como ter certeza, naquele momento de sufoco? “Eu só quero dinheiro e celular”, esbravejou o larápio! “O meu, não”, pensou a Dirce, que foi correndo para o banheiro. Quanta coragem! O bandido deu um soco na porta e ameaçou: “se chamar a polícia eu atiro”. Roubou três celulares: o do Roberto, o do João e o do Kaique.
Como “marinheiro de primeira viagem” (jamais havia presenciado um assalto na vida), imaginei que a melhor reação seria a de sair correndo do local. Claro que não era! Deveria ter agido como o Zé Marcos, que, sem camisa, ficou apenas olhando e ainda disse, apontando para o interior do bar, que era um “assalto”. Mas, como não dá para se raciocinar em momentos assim, saí em disparada...
Confesso que, se não fosse minha prisão de ventre, teria que ir para casa, tomar um banho e trocar roupa. Que tremedeira!!!
Quase atrapalhei o gamão da dupla Kaique e Vladimir, derrubando a mesa. Alguém gritou”: “Zé Migué, a corrida de São Silvestre é no final do ano”. Nunca imaginei que um “ancião” de 63 anos pudesse correr tanto! Olhei para trás e vi o “negão” correndo na minha direção com o “trabuco” na mão. Pensei rápido: chegou a minha hora. Minha sorte é que o bandido estava em fuga alucinada e pegou a esquerda na Rua Andrade Neves.
No meio de meu trajeto, senti um vento forte nas costas. Era o Jésus, que passou por mim como um relâmpago. Vai correr assim nas “profundas do inferno”! Quando o assaltante desceu o “morro”, “ganhando trecho”, procurei o Jésus. O amigo estava escondido atrás de um veículo estacionado. Voltamos ao bar. Foi a primeira vez que ninguém ouviu o Zé Carlos gritar “na glória”. Depois (sempre depois), o Dalmi afirmou que quase deu uma cadeirada no “alto da sinagoga” do meliante. O assunto, como não poderia deixar de ser, ocupou o restante de nossa tarde. Deve ser assunto para a semana toda...
Revoltados (quem não ficou?), Chiquinho, Roberto, Kaique e Vladimir sairam em seus veículos atrás dos bandidos. O da arma foi visto, tranquilamente, em um ponto de ônibus da Avenida Amazonas. Só não foi detido pelos amigos corajosos (ou doidos, sei lá), por ter entrado em um Fiat Uno e obrigado seu motorista a sair do local em alta velocidade. Nesse momento, já avisada, a Polícia Militar já estava no encalço dos dois bandidos, que entraram em uma favela e sumiram...
Depois, com a chegada do Domingos e dos cruzeirenses, tudo voltou ao normal. O joguinho desisteressante da Raposinha/saltitante ficou em segundo plano. O assalto era o assunto principal, com cada um dando a sua opinião. Um militar chegou e elaborou o Boletim de Ocorrência. O Domingos ria ao ouvir o Jésus contar os detalhes. Queria vê-lo sorrir se tivesse presenciado o sufoco...
Assim, graças a Deus, nada aconteceu de grave com ninguém (nossos anjos da guarda estavam de plantão). A sorte é que o Zé Américo não estava presente. Caso contrário, certamente, teria dado uma baforada de seu cachimbo fedorento na “cara” do assaltante, seguida de um berro: “sai daqui seu vagabundo!”. Se o Délio Gandra estivesse presente, teria “causos” para contar o resto da vida, naquela base do “eu aumento mas não invento”. Na glória...

2 comentários:

marcio renato disse...

Miguel, meu grande amigo:

Foi com muita alegria que fiquei sabendo, através da Verônica, que você está de volta, para nos deliciar com o talento e o bom-humor de sempre.
E confesso que estou ainda emocionado, depois de ler suas duas primeiras crônicas nesse novo espaço. Dei gargalhadas, sozinho, imaginando você e o Jésus (outro grande amigo)em disparada pelas ruas do Gutierrez, fugindo do assalto. Sei o quanto é pavoroso estar diante de uma arma, pois também já passei por isso.
Vou levar cópias das crônicas para a Renata e o Sérgio lerem mais tarde, lá em casa.
No mais, resta lamentar a triste situação a que chegou o tal-Mequinha-que-queria-ser-grande (vê como eu tinha razão?).

Um abração,

Márcio Renato

Neves Rocha disse...

Ei, Miguel!
Outro dia, a Luciana, minha filha, (amiga e ex-colega de sua filha, no vôlei) fez referência a seu blog e hoje encontrei um e-mail da Verônica Lima fornecendo seu "endereço".
Todo mundo tem direito de se aposentar, mas de sumir, não, né?
Que bom não perder esse seu humor, essa sua gostosa visão crítica sobre as coisas do nosso futebol! E da vida, em geral.
Parabéns. Continue, que eu estou aqui, curtindo.
Já registrei seu endereço eletrônico no meu "Favoritos" para não correr o risco de perder.
Um abração,
do Sinval (do Boca de Sino).