quarta-feira, 19 de novembro de 2008

DE LETRA

DE LETRA N 169 (QUARTA-FEIRA, 19-11-08)
MIGUEL SANTIAGO
Em janeiro de 1965, num tradicional “Cursinho” para o Vestibular de Direito, o genial professor de Português, Delson Gonçalves Ferreira, pediu aos alunos que fizessem uma redação sobre um determinado tema. No final da aula, todos entregaram o trabalho. Menos eu. Que vergonha senti! O mestre queria uma conversa particular comigo. E indagou o motivo de minha inércia. Respondi que não sabia escrever. Com a sua invulgar inteligência, receitou-me a leitura e o resumo de dois livros por semana. Passei o resto do ano lendo e escrevendo. Em dezembro, já estava escrevendo sobre qualquer tema. Milagre? Não! Foi a leitura. E os conhecimentos que adquiri.
Pois bem. No ano seguinte, passei em dois vestibulares de Direito. No da PUC/MG, em quarto lugar, mas optei pela Federal, onde colei grau cinco anos após. Em 1968 passei, também em quarto lugar, no concurso do Tribunal de Justiça. Em 1973 comecei a trabalhar no extinto jornal “Diário da Tarde”, onde, até junho de 2006, escrevi duas colunas (uma jurídica e outra esportiva) e de três a quatro matérias policiais, diariamente.
Se não fosse o sábio conselho do professor Delson, a quem nunca deixei de agradecer, nada disso teria ocorrido. Hoje poderia estar vendendo bananas num mercadinho qualquer. Seria impossível ser advogado e jornalista se eu não soubesse escrever, o que aprendi a fazer lendo muito. Daí a importância da leitura de bons livros, de boas matérias de revistas e jornais. É o conselho que deixo aos jovens do BTC, clube que freqüentei na minha juventude, nas décadas de 60 e 70.
PS – Esta coluna foi escrita a pedido do amigo Átila, engenheiro aposentado e exímio pandeirista nas horas vagas, para ser publicada no jornal interno do Barroca Tênis Clube, no sentido de incentivar o jovem a ler. Os amigos gostaram do texto e pediram que a coluna fosse publicada no meu modesto Blog internacional, para que mais gente a leia.
O ASSUNTO é tão importante que acaba de ser realizado em Belo Horizonte o IX Encontro das Literaturas, com o sugestivo slogan de “A leitura leva você muito além das palavras”. O mais importante é que, com o intuito de estimular a leitura também nos jovens, o evento realizou uma programação para que pais e escolas pudessem levá-los e inseri-los no universo da literatura. Excepcionalmente, hoje não falo do velho ludopédio, que fica para depois. Idem, idem, da nossa quase filarmônica do Gutierrez.
ATÉ a próxima.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ler um livro não é apenas "ver" as palavras, mas enxergar o que elas dizem com os olhos da razão ,da emoção e da imaginação .
É preciso "ouvir" o que elas narram.Os sons de cada ação, movimento ou objeto.
Saber 'falar" sobre aquilo que se lê,dando ação as palavras,
Reportando e comunicando aos outros o conteúdo do livro.
Viver as vidas,os lugares,os sentimentos e idéias ali contidos
E saborear enfim a magia das palavras,a construção
e desenvolvimento da narrativa e da linguagem.Pensar com as palavras,agir com elas,enriquecer a sua semantica,o seu sentido.
não deixa-las ao silêncio da ignorâmcia , da apatia e da omissão
Não deixar nunca os livros nas estantes como peças puramente decorativas,de uma cultura de fachada,sem conteudoe sem movimento
Livros cegos ,surdos e mudos,esquecidos e abandonados por aqueles que mais precisam deles.

Escrito por cadinhofaria