domingo, 20 de julho de 2014

DE LETRA

DE LETRA N 859 (SEGUNDA-FEIRA, 21-07-14)
MIGUEL SANTIAGO
OLÁ, caros leitores semanais! Meu saudoso genitor é que tinha razão: o homem só vale enquanto é alguma coisa. Basta alcançar a aposentadoria, não valendo mais nadinha, para ser esquecido ou, até mesmo, menosprezado. Em plena atividade, seja lá qual for a sua profissão, o homem é bajulado. Todos querem ficar ao seu lado, tendo ou não fotógrafos ou cinegrafistas por perto. Ai daquele que imaginar o contrário, pensando que a glória não é efêmera. É, sim, passageira. Aliás, neste mundão do Criador, todos nós somos passageiros. Menos, é claro, motorista e trocador de ônibus. Modestamente, julgo por mim: quando eu era jornalista atuante era uma “puxação de saco” tremenda, presentes e mais presentes no final de cada ano (durante 40 anos aproximadamente). Hoje, aposentado há oito anos, os amigos (?) desapareceram. Surpresa? Para mim, não...
DÁ até para lembrar o romano Cícero: “O amigo certo se reconhece numa situação incerta”. Frase profunda, de profundidade, ou, de “profunda idade”, como dizia o saudoso amigo Toninho Pinel. Estou dizendo tudo isso (vai divagar assim nas profundas do inferno), por ficar estarrecido quando tomei conhecimento de que no velório do ex-árbitro Armando Nunes Rosa Castanheira Marques compareceram somente oito pessoas, entre parentes, amigos e colegas. Cá para nós, é um número insignificante para a pessoa importante que o Armando foi. Cadê os amigos, cadê os admiradores? Assim caminha a humanidade...

ATÉ a próxima.

Um comentário:

Marinho Monteiro disse...

Muito boa observação Miguel. E quando não se tem estrutura para saber lidar com a carreira, vide jogadores de futebol, a chance do ostracismo vir junto com a depressão é altíssima. As pessoas são esquecidas rapidamente. E quando nesse mar de esquecimento aparece alguém para saber reconhecer a sua relevância num determinado momento, ficam também estarrecidas. Fiquei sabendo que o nosso volante Dirceu Alves, daquele timaço do COELHÃO campeão invicto de 71 está com um carrinho de picolé dentro do parque municipal. Tomei coragem, peguei uma camisa de jogo da minha coleção da campanha de 71, fotos, faixa e me desloquei para lá, numa manhã de Sábado. O susto dele Miguel, foi imediato. O nosso camisa 5 invicto de 71, ex-Corinthians, jogou ao lado de Riva, jogou até na raposinha saltitante quando o Piazza machucou e o Felício Brandi foi buscá-lo em SP, ficou ao mesmo tempo emocionado e maravilhado quando eu, que sequer havia nascido quando ele jogava bola, foi prestar-lhe essa a homenagem. E já cheguei emendando Miguel: Já apresentei o time de 71, lembrei que fomos invictos no mineiro, e pegamos o fuleiro galinho na primeira rodada do brasileirão de 71 e empatamos em 1 a 1 com gol dele. Ou seja, nem no ano da maior glória alvinegra, eles cantam de "galo" com a gente. Coelhão venceu os dois clássicos no mineiro e empatou o do brasileiro. Yes, e vamos andando. A nostalgia foi tamanha que depois fui tomar um café no Nice para lembrar as épicas caravanas do Zé Luís, que saíam da porta da cafeteira. De vez em quando, o Tadeu, americano do Nice, berrava: -"vocês são é tarados", numa quarta feira, à noite, indo pra Goiás e de ônibus... O América acaba com a gente. Abraço verde.