quarta-feira, 5 de agosto de 2009

De letra

DE LETRA Nº 279 (QUARTA-FEIRA, 05-08-09)
MIGUEL SANTIAGO
OLÁ, caros leitores semanais! Quarta-feira é dia de amenidades, ficando o meu querido e glorioso América (provável campeão da Série C do Brasileirão de 2009) e a nossa quase filarmônica do Gutierrez para as colunas de segunda e sexta. Pois bem! Quando cheguei em Leopoldina, no início da década de 50, Seu Zequinha buscou a metade de minha família em Visconde do Rio Branco (meus pais e os cinco filhos menores), em seu táxi (na época, “carro de praça”), um lindo Buick. Ficamos em seu sítio até que o caminhão de mudança chegasse. Zequinha, seu filho, a despeito de ser bem mais jovem do que eu, era meu companheiro de “peladas”, no campo do Ribeiro Junqueira e num campinho improvisado ao lado do Parque de Exposições. Era um craque.
TÃO bom que, nas décadas de 60 e 70, jogou no Botafogo/RJ e na Seleção Brasileira (era ponta-direita). No final dos anos 60, o Fogão veio jogar no Mineirão. Inocentemente, fui ao Hotel Normandy, rever o velho amigo. Que arrependimento! Antes não tivesse ido! Ele estava encostado em um veículo, na porta do hotel, conversando com outros jogadores, entre eles Jairzinho, o “Furação” da Copa do Mundo de 1970, no México (nosso tri). Eu o cumprimentei e ele disse “não te conheço”. Falei de nossa amizade em Leopoldina e ele nem “se lixou”. Todos riram, pensando que eu estivesse “cantando” jogador de futebol. Qual é? Sou americano! É o tal negócio: um pobre que cresceu na vida e perdeu a humildade, imaginando ter um “rei na barriga”...
O QUE é a vida! Mais ou menos na mesma época, um outro amigo de infância teve um comportamento completamente diferente. O Corinthians veio a Beagá. Fui ao Mineirão para rever o Palhinha, que estava no auge da forma. Jogou nos três grandes de Belô, no Timão e na Seleção Brasileira (grande atacante, artilheiro nato, de caráter irretocável). Quando eu chegava ao estádio, o “Palha” abriu a janela do ônibus da delegação corintiana e gritou: “Miguelão, o que você veio fazer aqui se o jogo não é do seu Coelho?”. E pediu que eu fosse ao vestiário após a partida...
FUI. Uma longa conversa, relembrando fatos passados. Palhinha virou-se para o Rivelino (tri no Mundial de 1970) e disse: “Riva, esse cara me projetou. Lançava e eu saía para o abraço”. Jogamos juntos na Associação Atlética Asas, da Barroca. Dando uma de empresários, eu e meus amigos marcamos um jogo do Asas com o juvenil da Raposinha, para “mostrá-lo”. O “Palha” “acabou” com o jogo! Não deu outra: começou ali uma carreira vitoriosa. O Asas perdeu seu melhor jogador, mas o futebol brasileiro ganhou um talento. Uma “máquina” de fazer gols. Até hoje somos amigos. Por capricho do destino, hoje ele é concunhado de meu sobrinho Ricardo Quintino Santiago...
PS – Viu, caro e atento leitor, a diferença? Zequinha com toda a sua “petulância” e Palhinha com toda a sua humildade. Questão de caráter...
ATÉ a próxima.

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