terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DE LETRA

DE LETRA Nº 351 (QUARTA-FEIRA, 20-01-10)
MIGUEL SANTIAGO
OLÁ, caros leitores semanais! Hoje, quarta-feira, dia de amenidades, casos, causos e jogar conversa fora, ficando o meu querido e glorioso América (domingo tem Galinho no Mineirão) e a nossa quase ex-filarmônica do Gutierrez (como estão fazendo força para que ela acabe de vez!) para as colunas de segunda e sexta. Pois bem! Por ocasião dos 25 anos do Fórum Lafayette no Barro Preto, o amigo Flávio Emílio Coelho Lott, escrivão da 1ª Vara Criminal e há mais de 40 anos na Justiça, escreveu a crônica “Alma penada?”, sobre o saudoso serventuário Antônio Santana, um nordestino bravo, apesar de sua pequena estatura, que, após terminar sua função de faxineiro, transformava-se em ascensorista. Ele era sentenciado.
NO final da década de 70, pouco antes da transferência do Fórum (da Rua Goiás, Centro, para a Avenida Augusto de Lima, Barro Preto), o Santana foi assassinado. Passou o tempo e, certa ocasião, Flávio Lott e outros três serventuários perceberam um movimento estranho no elevador, que abria as portas sem ninguém dentro, descia e retornava sozinho. Em tom de brincadeira, os servidores perguntaram em voz alta se era o Santana que conduzia o elevador. Para surpresa geral, no mesmo instante, uma enorme ventania soprou, fechando as cinco janelas do 3º andar de uma única vez e quebrando vidros.
NO dia seguinte, a turma não teve dúvida. Aproveitou a proximidade de novo Fórum com a Igreja São Sebastião do Barro Preto e mandou celebrar várias missas em intenção do falecido Antônio Santana. Se o fato foi verdadeiro ou não, não sei, por não ter sido testemunha. Mas, como o Flávio Lott é um cidadão sério, sou obrigado a aceitá-lo como verdadeiro. Santana gostava muito de meu saudoso genitor, na época juiz-diretor do Fórum Lafayette, que o ajudou muito. Andava com uma enorme foice na sacola, para se proteger, vez que morava em uma favela. Certa ocasião, falou-me que, se alguém encostasse o dedo em meu pai, “sangrava-o”. Não duvidava. O homem era bravo mesmo. Nordestino, diziam ter sido ele do “bando” de Lampião. Fugiu do Nordeste e veio parar em Belo Horizonte. Com certeza, em um caminhão chamado de “pau de arara”. Ainda bem que eu era seu amigo. Era o primeiro a chegar ao Fórum (ainda de madrugada) e o último a sair (no início da noite). Um homem trabalhador...
ATÉ a próxima.

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