quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

DE LETRA

DE LETRA N 190 (QUARTA-FEIRA, 07-01-09)
MIGUEL SANTIAGO
OLÁ, caros leitores semanais! Quarta-feira é dia de amenidades. Hora de colocar o passado ao lado do presente. Sempre sou perguntado para quem torceria se o América acabasse. Em primeiro lugar, o meu clube não vai acabar (só nós, pobres mortais) e, em segundo, detesto, com a mesma intensidade, a “fajuta”, “fuleira”, famigerada e protegida duplinha RapoGalo. Entretanto, sou obrigado a registrar que o Galinho/sem/esporas sempre foi o maior rival do Coelhão. Desde o já distante 1912, quando meu clube foi fundado. A Raposinha/saltitante só passou a incomodar em meados de 1965, quando foi inaugurado o Mineirão. Antes, era a quarta força do futebol mineiro (o Leão era a terceira). Verdade histórica...
ANTES do Mineirão, só conhecia um cruzeirense: o mano Domingos Afonso. Depois, quando a Raposinha montou uma forte e vitoriosa equipe (o ex-americano Tostão, Dirceu Lopes e companhia), a torcida azul cresceu (diria simpatizantes), com muitos trocando de clube. Gente “vira-folhas”, isso sim! Conheço vários. Quem é da minha geração sabe, perfeitamente, que o “clássico das multidões”, até 1965, era disputado pela dupla CoelhoGalo. O Independência ficava dividido entre as duas torcidas. Os azulados eram verdadeiros “gatos pingados”. O Coelho bobeou e a Raposa nos presenteou com uma “kombi” azul, que pintamos de verde...
O MAIS interessante é que minha aversão ao inimigo maior começou bem antes de eu virar americano (sou Coelho desde 1955, quando cheguei em Beagá, vindo da acolhedora Leopoldina). Era criança e passava férias na casa de meu saudoso avô Beto, na acolhedora São Domingos do Prata, terra natal da maioria esmagadora de minha família. No terreiro, vi um galo saliente fazendo “gracinha” com as galinhas. Não pensei duas vezes. Peguei um bambu e o acertei bem na crista. O coitado morreu! Meu avô, quando tomou conhecimento do fato, deu-me uma surra. Foi a primeira vez que apanhei por causa de um galo. Na também acolhedora Leopoldina, “aprontei”. Na minha casa, um galo índio agredia os galos mais fracos que não sabiam brigar. Entrei no galinheiro e segurei o “brigão”, para que ele apanhasse dos outros. Como se pode notar, “gosto” de galo desde criança...
BEM, a saudosa infância ficou para trás. Quando cheguei em Beagá (outubro de 1955), só ouvia falar no “clássico das multidões”, que parava a cidade uma semana antes e uma depois. Só se falava nisso. Como não gostava de galo, passei a detestar um tal Galo com G maiúsculo. Bons tempos em que atleticano odiava o meu querido e glorioso América, ao contrário de hoje, em que é tido como “coitadinho”. Todo mundo tem pena do Coelho. Ora, quem tem pena é galo! Naquela época, todos tinham pena era da Raposinha. Tempos mudados...
PS – Na coluna de sexta-feira volto a falar do meu América e da nossa quase filarmônica do Gutierrez. Na de segunda, também. Quarta é dia de amenidades...
ATÉ a próxima.

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