quarta-feira, 15 de abril de 2009

DE LETRA

DE LETRA N 232 (QUARTA-FEIRA, 15-04-09)
MIGUEL SANTIAGO
OLÁ, caros leitores semanais! Quarta-feira, dia de amenidades, estórias, etecétera, ficando o meu querido e glorioso América e a nossa quase filarmônica do Gutierrez para as colunas de segunda e sexta. Não sei o motivo, mas hoje acordei pensado na acolhedora Visconde do Rio Branco, onde passei parte de minha saudosa infância, que os tempos não trazem mais. Morei lá dos dois aos nove anos, inicialmente no Carrapicho e, depois, na rua do cemitério, onde meu saudoso genitor, José de Assis Santiago, juiz de Direito da comarca, construiu uma casa enorme. Também pudera, 12 filhos! Homem “trabalhador”! Pobre de minha saudosa mãe...
FOI LÁ que, pela vez primeira, entrei em um estádio e acompanhei uma partida de futebol. Do Nacional, da cidade, de camisa vermelha. A rivalidade com os times da vizinha Ubá era terrível. Em todos os jogos, briga na certa das torcidas. Por ser muito pequeno, ficava só olhando, assustado, doido para entrar na confusão. Eram brigas para mais de meia hora. Ameaças veladas: “quando vocês forem em Ubá, tem troco”. De longe, não sei, hoje, como funciona a “coisa”. Tomara que a civilização tenha chegado naquela região da Zona de Mata, em substituição àquela selvageria inexplicável, que traumatizou a criança de então...
MUNDO pequeno! Coincidências da vida. O goleiro do Nacional era o Genivaldo, que veio do juvenil do Fluminense/RJ. Grande goleiro, que se tornou amigo de minha família. Saí de Visconde do Rio Branco em 1953. O destino era Leopoldina. De repente, o Ribeiro Junqueira, então pentacampeão da Zona da Mata, contratou o Genivaldo. Dois anos depois, quando cheguei em Belo Horizonte, meus irmãos mais velhos falaram dele (bem) com um diretor da Raposinha/saltitante. De repente, olha o “Geni” com a camisa azul, chegando ao tricampeonato mineiro (1959 a 1961). Nossa amizade continuou, a ponto de ele frequentar minha residência. Por causa dele, do Elmo e do Dirceu “Pantera”, que também jogaram no Ribeiro Junqueira, acompanhava treinos e jogos do rival azul, embora já fosse americano fanático. A amizade falava mais alto. Esse é o mundo de um futebol sadio. Tempos depois, tomei conhecimento do falecimento do Genivaldo. Fiquei triste! Quando abandonou o velho ludopédio, foi motorista da antiga Guarda Civil. Sempre passava em minha rua. Bons e civilizados tempos...
ASSIM, por ter morado em Visconde do Rio Branco e Leopoldina, tenho cinco clubes do coração: Nacional, Ribeiro Junqueira, Fluminense/RJ, Santos e América/MG. Claro que o último tem a minha preferência. Se ele enfrentar os demais, sou Coelho e não quero nem saber. Afinal, os últimos serão os primeiros. Está na Bíblia! Escrito nas estrelas! Sinto calafrios, só de pensar que poderia ter sido cruzeirense, por causa de Genivaldo, Elmo e Dirceu “Pantera”. Ainda bem que não sou! Amizade, amizade, negócios à parte. Sigo mantendo meu espírito esportivo, social e cultural. Coelho!
ATÉ a próxima.

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