quarta-feira, 8 de julho de 2009

DE LETRA

DE LETRA Nº 267 (QUARTA-FEIRA, 08-07-09)
MIGUEL SANTIAGO
OLÁ, caros leitores semanais! Como de hábito, quarta-feira é dia de amenidades, casos e causos, ficando para as colunas de segunda e sexta o meu querido e glorioso América e a nossa quase filarmônica do Gutierrez. Confesso que, de quando em vez, sinto vergonha de ser brasileiro. Como ontem, quando tomei conhecimento de que uma emissora de televisão nacional exibiu, direto e em cores, o funeral do cantor americano Michael Jackson. O que nós, brasileiros, temos com isso? Coisa de terceiro mundo, de país tupiniquim! É querer dar muito valor a “gringo”. Depois, quando alguém fala que brasileiro é “macaco” e que o Brasil é “país de terceiro mundo”, tem brasileiro que não gosta. Faz “biquinho”, fecha a “cara” e xinga. Eta povinho que gosta de imitar tudo que vem lá de fora...
DE raiva, por não gostar de “palhaçada”, desliguei o meu aparelho (de televisão, bem entendido) e fui ler o livro “Balorizonte”, do amigo Augusto José Vieira Neto, o culto e engraçado “Bala Doce”, que veio de Montes Claros, no início da década de 60, para brilhar na capital dos mineiros. Boêmio incorrigível, formou-se em Direito na Universidade Federal de Minas Gerais em 1968 (eu, dois anos depois), advogou e foi juiz de Direito. Depois da merecida e precoce aposentadoria, deu aula de Direito Penal na mesma faculdade, voltou à advocacia e disparou a escrever livros, ótimos, por sinal.
NO livro, o “Bala”, um homenzarrão de quase dois metros de altura (alto e forte), fala de seu tempo de jogador de basquete no meu América (jogou com Zé Ernesto, Tonhão, Amed, Ponte Nova, Paulinho e outros), na saudosa Alameda, em 1965. Interessante é que, na mesma época, eu jogava futebol de salão no mesmo clube e não nos conhecíamos. Fui conhecê-lo no ano seguinte, quando entrei para a faculdade. Se ele jogou com talentos do basquete mineiro, joguei com talentos do futsal, como o goleiro Hervê (irmão do saudoso treinador Telê Santana), Hugo, Careca, Rômulo, Minhoca (o ex-presidente do Galinho, Afonso Paulino) e outros, sob o comando do treinador Julião. Bons tempos! Antes, eu havia jogado no Minas Tênis Clube e, posteriormente, no Barroca Tênis Clube, onde encerrei a curta carreira.
O “Bala” não mudou nada. Continua irreverente, gozador e tomando o velho “guaraná”. É meu vizinho no Gutierrez. Temos muito em comum. Mas, que eu saiba, temos apenas uma divergência: sou americano e ele atleticano. Como ninguém é perfeito, o amigo tinha que ter um defeito. Naquela época, quase todo jovem que vinha da interlândia mineira para a capital era galista. Menos eu, que, por não ser componente de manada (“Maria vai com as outras”, nem ver), já era americano, mesmo antes de chegar em Beagá (morava em Leopoldina, na Zona da Mata). Questão meramente de bom gosto. Ser americano não é para qualquer um. É um privilégio. Portanto, sou um privilegiado. E estamos conversados...
ATÉ a próxima.

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