quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

DE LETRA

DE LETRA Nº 357 (QUARTA-FEIRA, 03-02-10)
MIGUEL SANTIAGO
OLÁ, caros leitores semanais! Hoje, quarta-feira, o dia é de amenidades, casos, “causos” e de “jogar conversa fora”, ficando o meu querido e glorioso América (alô, Teófilo Otoni, domingo tem Coelho na cidade) e a nossa quase filarmônica do Gutierrez (melhorou muito no último sábado, com seis talentosos músicos) para as modestas colunas de segunda e sexta. Vou lembrar hoje um caso muito interessante ocorrido na década de 80 com a escrivã Olinda Batista de Andrade Teixeira, chamada carinhosamente de “Mocinha” pelos colegas do Fórum Lafayette.
ELA recebeu uma mulher aos prantos, com dois filhos no colo, que, segundo ela, passava por dificuldades, porque o marido havia sido preso. No ápice do desespero, falou baixinho no ouvido da servidora Olinda que, sem alternativa, iria se matar e “virar manchete de jornal” naquela noite. Logo depois, saiu da secretaria. Olinda, que é muito sensível, lembrou-se de outro episódio ocorrido antes: um preso havia pedido auxílio, pois dizia estar sendo ameaçado pelos companheiros de cela. Apesar de tomar todas as providências possíveis, Olinda não teve tempo de interceder pela transferência de presídio que impediria a morte do condenado.
APÓS refletir por alguns instantes, Olinda saiu correndo atrás da mulher desesperada, já que “não dormiria tranquila naquela noite, se não tentasse impedir uma possível tragédia”. Conseguiu localizar a mulher ainda na Rua Outro Preto e iniciou uma longa conversa com ela. Sentiu-se aliviada, ao ouvir a mulher prometer que não iria tomar aquela atitude drástica. Pouco tempo depois, seu marido foi inocentado e colocado em liberdade. Imagino a alegria da Olinda, pelo que fez com um semelhante...
DEPOIS ainda falam que servidor do Poder Judiciário é “privilegiado”! Ora, nada disso! Sou testemunha de inúmeros e incontáveis episódios “dramáticos”, nos 40 anos que trabalhei no Tribunal de Justiça (de 1967 a 2006). Nem em mil colunas conseguiria contar todos. Aliás, estou quase completando sete mil colunas. Falta pouco (6.625 no extinto jornal “Diário da Tarde” e 357 no meu modesto Blog internacional). Apenas 18. A Justiça é o “porto” das mazelas humanas. Só desgraça, em todas as áreas, mormente nas de família e criminal. Muitas vezes tudo termina na área criminal, onde, dizem, é local em que “o filho sofre, apanha e a mãe não escuta”. Mas, naturalmente, “sente e padece”. E tudo tem que ser resolvido por magistrados e servidores. Drama atrás de drama...
ATÉ a próxima.

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