quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

DE LETRA

DE LETRAL Nº 360 (QUARTA-FEIRA, 10-02-10)
MIGUEL SANTIAGO
OLÁ, caros leitores semanais! Como o tempo está passando depressa! E eu não estou com pressa nenhuma. Quarta-feira o dia é reservado para amenidades, casos, “causos” e “jogar conversa fora”, ficando para as colunas de segunda e sexta o meu querido e glorioso América e a nossa quase filarmônica do Gutierrez. O Coelho está crescendo. Mas, a nossa banda...
ELA era do outro século! Como vinho, ela era “quanto mais velha melhor!”. Faleceu, na acolhedora São Domingos do Prata (Zona Metalúrgica), com quase cem anos de idade, a querida Alzira. De “secretária” de minha saudosa mãe, passou a ser a “dona da casa”. Ela ajudou a criar todos os seus 12 filhos, eu e meus 11 irmãos. Alguns bem comportados, outros nem tanto, que soube “domar”, com a sua serenidade, com direito a tapas na cabeça, no bumbum, beliscões e puxões de orelha. Não dava “colher de chá”. Saiu da linha, não tinha conversa, lá vinha “castigo”. Eta mulher brava...
MAS, apesar de brava, era amada por todos nós. Morou com a minha família na minha querida Abre Campo, em Visconde do Rio Branco, em Leopoldina e em Belo Horizonte. Ela era servente escolar em São Domingos do Prata e foi requisitada pelo meu saudoso genitor, quando ele ingressou na magistratura (em 1940). E foi assim, até que ela alcançou a merecida aposentadoria, em meados da década de 60. Hoje, lembro, com saudade, de seus “beliscões elétricos”. Era assim que a Alzira chamava tal castigo...
HOJE, os tempos são outros, diametralmente diferentes. Vai o pai encostar as mãos em um filho. Coitado, hoje isso é “crime”! Filho hoje é “intocável”. Pode fazer o que quiser e bem entender, acobertado por uma legislação que “não entra na cabeça de ninguém”. Não é sem motivo que as nossas penitenciárias estão lotadas. É o tal negócio. Não se pode mais “cortar o mal pela raiz”. Hoje é na base da antiga teoria francesa, do “deixar fazer”. Menino pode tudo, até mesmo desobedecer os pais...
FALANDO na rigidez da Alzira, lembrei-me da severidade da Dona Cirene Valentim, no Grupo Escolar Ribeiro Junqueira, em Leopoldina, no início da década de 50. Eta professora brava! Valente até no sobrenome. Com ela não tinha “colher de chá”. Se o aluno não se comportasse bem, lá vinha castigo. Até hoje doi em minha cabeça os seus tapas. Batia até com réguas. E era tão “sádica” que, quando chegava em casa após a aula, meu pai já sabia que eu havia “apanhado” na escola. Ela contava. Então, era outra “surra”, com o velho dizendo “apanhou na escola, apanha em casa”. Bons tempos! Tempos que não voltam mais, como dizia o saudoso amigo Quinzinho, no “Mais barato”, o também saudoso bar do meu Gutierrez, o melhor que já existiu no bairro...
ATÉ a próxima.

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