quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

DE LETRA

DE LETRA N 181 (QUARTA-FEIRA, 17-12-08)
MIGUEL SANTIAGO
OLÁ, caros leitores semanais! Quarta-feira é dia de amenidades, casos e “causos”, ficando o meu querido e glorioso América e a nossa quase filarmônica do Gutierrez para as colunas de segunda e sexta. Pois bem! No início da década de 80, convidado pela diretoria, por ser o cronista representante do Coelho na mídia escrita, sempre viajava com a delegação, por esse Brasil gigante, o que deixei de fazer, posteriormente, após ter sido desrespeitado por dois ex-presidentes do clube. Fazer o quê, se o velho ludopédio, infelizmente, é assim mesmo? O que eu não poderia fazer era continuar convivendo com esse tipo de gente...
OLHA, Luís Felipe Scolari, Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão são “fichinhas” perto do saudoso treinador Dorival Knippel, o temível Yustrich, chamado de “Homão”. O meu América foi enfrentar o Goiás, pelo Campeonato Brasileiro, no belo estádio Serra Dourada. No aeroporto de Goiânia, fumava ao lado do ônibus que levaria a delegação para o hotel. De repente, em voz alta, ele ordenou: “jogue esse cigarro fora”. Ainda não o conhecia pessoalmente. Sem perda de tempo, afirmei: “Yustrich, só acato ordens de duas pessoas, os meus queridos genitores. Não sou inconseqüente para fumar no ônibus ao lado dos jogadores do meu clube do coração”. O “Homão” nada falou (ainda bem). Terminei de fumar, joguei o cigarro na lixeira e entrei no ônibus...
ENQUANTO os atletas foram fazer um relaxamento em um centro de treinamentos, fui para o hotel “Samambaia” com o saudoso médico Aramys Silva, que, como um profissional cuidadoso, foi conferir o cardápio do almoço. Deixei a bagagem no apartamento e fui tomar o velho “guaraná” na calçada do hotel. Uma hora após, o ônibus estacionou. Todos foram para seus apartamentos esperar pelo almoço. Menos o Yustrich, que ocupou uma cadeira ao meu lado e pediu, em voz alta (deve ter nascido em alguma cachoeira, pois só falava alto), uma água mineral. Nunca o vi bebendo...
FIQUEI na minha! Afinal, na década de 60, ele já havia agredido um famoso radialista mineiro (na saudosa Alameda) e um jogador do América (no Mineirão). Quebrando o silêncio, o treinador disse: “Meu jovem, gostei de você. Enquanto todos me temem, você me “encarou”. Homem tem que ser “machão”, sem medo de quem quer que seja”. Ainda ousei dizer que não tinha medo de ninguém, de nada. Afinal, não sou filho de pai assustado. Tinha por ele apenas respeito...
O TEMPO passou e ficamos grandes amigos, nunca faltando o devido respeito mútuo. Mesmo após sua merecida aposentadoria, sempre que nos encontrávamos em algum logradouro, apertava minha mão e contava casos interessantes acontecidos em sua longa carreira de jogador (foi goleiro do Flamengo) e de treinador. E quando eu lembrava do cigarro no aeroporto de Goiânia, dava gargalhadas gostosas. Esse era o “Homão”, como uma formiga, que “mordia e beijava”. Grande Yustrich! Que o Criador o tenha em bom lugar...
ATÉ a próxima.

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