quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

DE LETRA

DE LETRA Nº 336 (QUARTA-FEIRA, 16-12-09)
MIGUEL SANTIAGO
OLÁ, caros leitores semanais! Depois do enorme “sufoco” vivido na última segunda-feira, aqui estou de novo, para conversar com os prezados leitores. Hoje, quarta-feira, dia de amenidades, casos e “causos”, ficando o meu querido e glorioso América e a nossa quase filarmônica do Gutierrez para as colunas de segunda e sexta. Todas elas (de segunda, quarta e sexta), modestas, como de costume. Religiosamente, tudo em dia, em seus devidos lugares. Afinal, sou um cidadão responsável...
FALAR em responsabilidade, sem mais nem menos, veio à mente um caso hilariante de “irresponsabilidade”, entre 1966 e 1970, quando estudava na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, a “Casa de Afonso Pena”, o Diretório Acadêmico (DA) contratou o nosso “poeta maior”, o compositor e poeta Vinicius de Moraes, para fazer uma conferência na escola. Iria falar em literatura e em suas maravilhosas músicas, claro, cantando algumas. Imperdível...
MANHÃ de sábado, auditório lotado. Tinha mais estudante sentado no chão do que nas poltronas. Horário marcado (10 horas), cadê o nosso ídolo? O pessoal do DA foi ao hotel Del Rei, sendo informado de que o Vinicius havia saído cedo. Foi um desespero geral. Que “sufoco”! Divididos em grupos, vários estudantes saíram pelos bares de Beagá. Como naquela época não havia ainda celular, foi montada uma central na escola, para as devidas informações. O tempo passava, mas ninguém “arredou pé”. Finalmente, por volta do meio-dia, o poeta foi localizado no Ponteio, na saída para o Rio de Janeiro. Não, não estava viajando, não. Estava tomando o seu velho “guaraná” (uísque, bem entendido)...
FINALMENTE, o nosso ídolo chegou. Mesmo com todo o atraso (quanta falta de responsabilidade!), foi delirantemente aplaudido pelos estudantes. Antes de começar a conferência, exigiu uma garrafa de uísque, o que, naturalmente, não estava no contrato. Com a chegada do uísque, a palestra começou. Foi um “show”. Um papo acompanhado da bebida e de um violão. Cantou várias de suas músicas e falou de seus parceiros, principalmente, claro, do maior deles, Antônio Carlos Brasileiro Jobim. No final da conferência, ao se levantar da cadeira (a garrafa de uísque já estava totalmente vazia), os estudantes cantaram “se todos fossem iguais a você, que maravilha viver”. Foi um dia inesquecível para todos nós, privilegiados estudantes. Garanto que foi uma “aula” bem melhor e proveitosa do que ouvir o professor Wilson Melo falar em Direito Civil. Vinicius fantástico! E o amigo galista Cadinho Faria, o “mago do violão”, acha que o nosso poeta maior foi o itabirano Carlos Drumond de Andrade. Tem gosto para tudo (o que seria do verde se não existisse o azul?). Gosto não se discute. Mas, que havia um “pedra no caminho” do Drumond, havia. Uma “pedreira” chamada Vinicius de Moraes...
ATÉ a próxima.

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