terça-feira, 29 de dezembro de 2009

DE LETRA

DE LETRA Nº 342 (QUARTA-FEIRA, 30-12-09)
MIGUEL SANTIAGO
“FOI um domingo para ser esquecido! O Roberval Rocha, para variar, não viu nada. Também pudera, estava ausente, curtindo o tradicional 0800 no sítio de uma das filhas. O mano Domingos Afonso tem razão, quando diz que tudo de errado na turma só acontece na sua ausência. Ele estava retornando de sua Conceição do Mato Dentro, da merecida festa do Cadinho Faria, o “mago do violão”, que recebeu, sábado, o título de Cidadão Honorário da histórica cidade.
POIS bem! No meio da tarde, por volta das 15 horas, o bar dos amigos Dalmi e Chiquinho ainda estava vazio. A barulhenta turma dos cruzeirenses estava por chegar. Na calçada, o atleticano Caíque Cortes “massacrava” o cruzeirense e professor de Matemática Vladimir (jogo de gamão), em uma mesa. Na mesa do lado, estavam os desolados americanos Zé Migué, o mano Zé Marcos e o amigo Jésus Lima, naturalmente, lamentando o vexame histórico do nosso glorioso América, praticamente na Segundona mineira.
NO interior do bar, estavam os amigos Zé Carlos (CEF), o simpático e unido casal Roberto e Dirce, o João da Banca, o Dalmi e o Chiquinho. E, de repente, nada mais do que de repente, chegou uma “visita indesejada”, bem pior do que “lube-lube”. Dois jovens. Enquanto um ficou estrategicamente do lado de fora, o outro entrou no recinto e pediu um copo de água ao Chiquinho, que sequer tomou todo.
RAPIDAMENTE, sacou de uma arma. Alguém disse (depois, bem entendido) que se tratava de uma garrucha velha que sequer deveria ter bala. Mas, como ter certeza, naquele momento de sufoco? “Eu só quero dinheiro e celular”, esbravejou o larápio! “O meu, não”, pensou a Dirce, que foi correndo para o banheiro. Quanta coragem! O bandido deu um soco na porta e ameaçou: “se chamar a polícia eu atiro”. Roubou os celulares do Roberto, do João e do Caíque.
COMO “marinheiro de primeira viagem” (jamais havia presenciado um assalto na vida), imaginei que a melhor reação seria a de sair correndo do local. Claro que não era! Deveria ter agido como o Zé Marcos, que, sem camisa, ficou apenas olhando e ainda disse, apontando para o interior do bar, que era um assalto. Mas, como não dá para se raciocinar em momentos assim, saí em disparada...
QUASE atrapalhei o gamão da dupla Caíque e Vladimir, derrubando a mesa. Alguém gritou: “Zé Migué, a corrida de São Silvestre é no final do ano”. Nunca imaginei que um “ancião” de 63 anos pudesse correr tanto! Olhei para trás e vi o “negão correndo na minha direção com o “trabuco” na mão. Pensei rápido: chegou a minha hora. Minha sorte é que o bandido estava em fuga alucinada e pegou a esquerda da Rua Andrade Neves.
NO meio do trajeto, senti um vento forte nas costas. Era o Jésus, que passou por mim como um relâmpago. Vai correr assim nas “profundas do inferno”! Quando o assaltante desceu o “morro”, “ganhando trecho”, procurei o Jésus. O amigo estava escondido atrás de um caminhão. Voltamos ao bar. Foi a primeira vez que ninguém ouviu o Zé Carlos gritar “na glória”. Depois (sempre depois), o Dalmi afirmou que quase deu uma cadeirada no “alto da sinagoga” do meliante. O assunto, como não poderia deixar de ser, ocupou o restante de nossa tarde. Deve ser assunto para semana toda...”.
NOTA do autor: esta coluna foi escrita há dois anos. Como não foi publicada (ainda não tinha Blog, criado depois pela Verônica Lima e pelo Cadinho Faria), o que só agora estou fazendo, a pedido de vários amigos que não a leram. Seu título original foi “Tarde quente de domingo. Que pavor!”. Realmente, um domingo para ser esquecido...
ATÉ a próxima.

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